Publicado:terça-feira, 7 de maio de 2013
Postado por Unknown
Bolsas de estudo são a única fonte de renda para piauienses por todo o país
O valor, segundo bolsistas, é insuficiente para morar em algumas cidades do País.
Com
valores mensais entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, as bolsas de pós-graduação
são, quase sempre, a única fonte de renda de muitos estudantes no País.
Eles se dedicam exclusivamente às dissertações, teses, à publicação de
artigos e a leituras. É com a bolsa também que pagam despesas como o
aluguel e a alimentação.
O valor, segundo bolsistas, é
insuficiente para algumas localidades, ou dá apenas para pagar as
contas. Para aqueles que deixam a família e se mudam para estudar, a
bolsa é o que garante a fixação na localidade. A partir deste mês, os
estudantes recebem um reajuste de 10% nos valores.
O aumento das
bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidas pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) foi anunciado em março.
Os novos valores começam a ser
pagos agora: a bolsa de mestrado passa de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de
doutorado de R$ 2.000 para R$ 2.200, e a de pós-doutorado de R$ 3.700
para R$ 4.100. "A bolsa é interessante porque legitima a nossa função
como estudantes, nos dá um aval de pesquisadores", diz o doutorando em
Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Douglas Sousa. "Mas o valor
é ainda mais interessante para aqueles que não são de Brasília (onde o
custo de vida é alto), que moram em residência própria. Eles podem usar a
bolsa apenas para manutenção do curso, gastam com lanches, livros e
viagens para congressos. Para nós que somos de outros Estados, temos que
pagar aluguel, alimentação, além de bancar nossa paticipação em eventos
científicos, que é quase uma obrigatoriedade para pós-graduandos."
Douglas
veio de Socorro do Piauí, a 457 quilômetros da capital piauiense,
Teresina. No Estado de origem, fez graduação e mestrado. Para o
doutorado, escolheu Brasília pelo intercâmbio cultural que teria: "Não
precisa sair de Brasília para ter um pedacinho do mundo aqui". Mas o
preço é alto: apenas o aluguel consome 40% do que ganha. "Eu posso dizer
que não vivi Brasília culturalmente. Pesquiso dramaturgia e não tenho
dinheiro suficiente para ir a várias apresentações", diz o mestrando em
Literatuda da UnB Francisco Alves. Ele veio de Boa Vista, Roraima.
Francisco conta que sempre viveu intensamente as universidades por onde
passou, sendo monitor e participando de projetos de pesquisa. "Em
Roraima, na graduação, minha mãe alugou um quarto para mim perto da
universidade. Disse que pagava o aluguel e o resto, eu me virasse."
Ambos
estudam uma média de seis a oito horas por dia. A bolsa é uma ajuda
para que se dediquem exclusivamente à pós. Na UnB, de um total de 7,6
mil alunos de pós-graduação, 4,5 mil, quase 60% são brasileiros que não
residiam no Distrito Federal. "Temos muitos alunos que vêm de outros
Estados, alunos de classe média baixa que têm muita dificuldade em se
fixar. A família sustenta na graduação, mas quando chega na pós o
estudante já é adulto e às vezes fica mais difícil para a família. Além
disso, eles estão em uma fasa da vida em que começam a se casar, ou já
são casados, têm família para sustentar e isso dificulta enormemente a
vida acadêmica", constata o decano de Pesquisa e Pós-Graduação da
universidade, Jaime Martins.
"O valor da bolsa melhorou um pouco,
mas ainda não é suficiente para que os estudantes possam viver em boas
condições e para se dediquem exclusivamente à pesquisa. Não se trata de
uma visão romântica, é algo prático, para que o estudante possa ter mais
tempo dedicado ao trabalho e fazer aquilo da melhor forma possível. Com
dedicação, melhor será o trabalho, melhor a publicação e mais mérito
acadêmico para o aluno e para a universidade", diz Martins.